Assim que eu fechei a viagem para Londres, uma das primeiras coisas que fiz foi entrar em contato com uma leitora antiga tanto do Fashion Gazette quanto do Living Gazette, a Heloisa Righetto, que mora em Londres e trabalha no WGSN de lá. Era a terceira vez que a gente tentava se encontrar! Finalmente conseguimos marcar dia e horário e, importante, ela conseguiu negociar com os superiores alguns cliques para o blog – eba! – já que eles são bem rígidos na divulgação de qualquer coisa sobre o WGSN.
Dois dias antes de deixar Londres, lá estava eu na porta do bureau de tendências mais importante e conhecido do mundo!
O WGSN é uma empresa nova, foi criado em 1998, e desde 2012 pertence ao grupo 4C que detêm todas as empresas abaixo do logo, na entrada do escritório.
Uma rápida explicação sobre o WGSN: é uma empresa que pesquisa tendências com 2 anos de antecedência nas áreas de moda, arte e cultura. Possui escritórios nas capitais mais importantes do mundo, como Londres, SP e NY (além da Ásia, leste Europeu) e conta com centenas de pessoas que saem às ruas para fotografar, explorar e analisar o que estão vendo agora (para reforçar tendências atuais) e também pesquisar o que vamos querer usar, como vamos nos comportar daqui 2 anos. Com o material em mãos, é feito um estudo que se transforma nas macro-tendências. Das macro-tendências, é feito um estudo mais concentrado e detalhista do qual saem as referências mais específicas (como estampa, tipo de peça, cores-chave, modelagens) para toda a indústria da moda, com um ano de antecedência. Em 2011, o WGSN se associou com a Vogue para criar um gigantesco banco de dados da revista: toda página da Vogue, desde 1892, foi digitalizada se transformando num arquivo de moda sem precedentes. Mais de 12.500 clientes do mundo todo, assinam o WGSN para receber seus estudos de tendências.
Faz poucos meses que o WGSN mudou para esse escritório, mais precisamente em setembro do ano passado. Super bem localizado (praticamente na Picadilly Circus), espaçoso, com muita luz e em um prédio de estilo bem moderno. Essas fotos mostram a passarela que leva à recepção, com paredes de vidro que já mostram de fora como é lá dentro.
Essa é a recepção, com espaço de sobra, janelas enormes e cadeiras e sofás que também servem para fazer pequenas reuniões. Adorei o piso de madeira sem tratamento.
Ainda na recepção, o espaço se desdobra em um L, formando essa sala que muitas vezes é usada para apresentações.
Já na parte de dentro do escritório: essa é a área principal. Deu para perceber que tudo ainda está muito cinza e básico, mas a Heloísa explicou que agora vão começar a colocar cor e decorar todo o espaço. Nesse dia, uma sexta-feira, muitas pessoas trabalham de casa, por isso está meio vazio: uma nova prática de trabalho que se intensificou desde a mudança para esse endereço. Eles disponibilizam notebooks e você não precisa ir até lá para trabalhar.
Cada pessoa que trabalha tem um armário para guardar suas coisas. Na foto abaixo, essa é a vista da passarela, de outros andares e do lado de lá do escritório, onde fica a área de marketing.
Aqui é a cozinha, nos fundos. Tem vários lugares para sentar, máquina de café expresso, uma geladeira com guloseimas e estrutura para você fazer as refeições ali mesmo. Conversando com a Heloísa, ela falou um pouco de como funciona, como é a vida em Londres e foi ótimo conhecer um pouco mais sobre isso.
Ela é formada em desenho industrial e trabalhava na Tok&Stok como designer de móveis até que em 2008 seu marido aceitou uma proposta para trabalhar em Londres. Ela percebeu logo no começo que as pessoas da área de design lá saem muito mais preparadas de seus cursos e que tem uma outra visão – incrível, digamos assim – para criar coisas. Por um tempo ela escreveu para várias revistas e sites de decoração até que viu uma vaga no site do WGSN. Conseguiu o trabalho primeiro como free lancer e teve algumas etapas até ser contratada oficialmente para trabalhar no escritório. Ela está na área de Home Build Life (já saiu post sobre o Living Gazette no blog deles!), que foi lançada em 2010, especialmente para a indústria de casa e decoração.
As leis trabalhistas lá são bem diferentes das daqui no Brasil: não tem 13 ° salário, nem vale-transporte e vale-alimentação (você tira do seu bolso mesmo). Os salários muitas vezes são mais baixos do que aqui. Por outro lado, os ingleses tem uma maneira diferente de lidar com o trabalho: não importa quantas horas você trabalha por dia e sim se seu trabalho é feito, seja de casa ou do escritório. Para Heloísa, a qualidade de vida é infinitamente melhor: tudo no geral é mais barato, ela nem tem carro (o que corta os custos mensais) porque o transporte público super funciona. A cidade é muito segura, as pessoas gostam de usufruir o tempo que sobra ao ar livre (as praças, cafés e parques estão sempre cheios) e que para viajar para qualquer país ali da Europa é rápido e barato. Ah, e a diferença dos preços das roupas lá em relação ao Brasil é gritante. Ela também destaca em como o design é importante: da cafeteria da esquina, às vitrines, embalagens dos produtos, produtos e peças de décor, decoração das lojas, tudo é muito caprichado, único, de encher os olhos.
Foi uma manhã bem proveitosa! Adorei ter a oportunidade de conhecer o escritório do WGSN mas essa conversa que tive com a Heloísa foi ainda mais especial, para entender melhor como as coisas são para quem saiu do Brasil e mora em Londres, ainda mais na área de design. Uma experiência que engrandeceu ainda mais essa minha viagem!